quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Santa Clara, que seguis os passos do Cordeiro no Céu, rogai por nós.


Santa Clara, seguidora de Jesus Cristo, espelho luminoso de vida evangélica, discípula ardente e fiel do Crucificado, acolhe a minha prece e intercede por mim, para que, com a graça e a luz divina, eu possa discernir qual a vocação à qual o Senhor me chama na Igreja. Que eu possa realizá-la em plenitude, pela construção do Reino de Amor nesta terra e para o bem de meus irmãos e irmãs. Que eu possa testemunhar com o exemplo, como tu, que foste um espelho de Jesus. Roga para que meu Sim, como o de Maria, seja pronunciado até o fim, na fidelidade e na entrega total aos projetos de Deus, e aos seus desígnios de amor para minha existência. Assim seja!

Ladainha de Santa Clara

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo ouvi-nos.
Jesus Cristo atendei-nos.
Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós.
Santa Maria, concebida sem pecado, rogai por nós.
Santa Maria, Rainha das virgens, rogai por nós.
Santa Clara, esposa predileta de Cristo, rogai por nós.
Santa Clara, anjo de inocência desde a juventude, rogai por nós.
Santa Clara, vaso de santidade, rogai por nós.
Santa Clara, bela flor do jardim dos Menores, rogai por nós.
Santa Clara, filha obediente do nosso Pai São Francisco, rogai por nós.
Santa Clara, heroína desconhecida do mundo, rogai por nós.
Santa Clara, bela aurora da vossa santa Ordem, rogai por nós.
Santa Clara, mãe e fundadora das pobres Clarissas, rogai por nós.
Santa Clara, humilde imitadora de Cristo, rogai por nós.
Santa Clara, espelho fiel de nosso Pai São Francisco, rogai por nós.
Santa Clara, perfeito modelo das virgens, rogai por nós.
Santa Clara, guia espiritual de vossa mãe e de vossas irmãs carnais,rogai por nós.
Santa Clara, benigna administradora do vosso mosteiro, rogai por nós.
Santa Clara, humilde serva das servas de Cristo, rogai por nós.
Santa Clara, espelho de todas as virtudes, rogai por nós.
Santa Clara, brilhante luz de santidade, rogai por nós.
Santa Clara, taumaturga e auxiliadora em qualquer necessidade, rogai por nós.
Santa Clara, absorta muitas vezes na oração, rogai por nós.
Santa Clara, consolada pela aparição do Menino Jesus, rogai por nós.
Santa Clara, pobre com o pobre Jesus, rogai por nós.
Santa Clara, rica de méritos e graças, rogai por nós.
Santa Clara, afetuosa esposa do Crucificado, rogai por nós.
Santa Clara, honrada com a aparição do Salvador padecente, rogai por nós.
Santa Clara, seráfica adoradora do Santíssimo Sacramento, rogai por nós.
Santa Clara, poderosa protetora da cidade de Assis, rogai por nós.
Santa Clara, vencedora dos sarracenos, rogai por nós.
Santa Clara, espelho de paciência nos grandes males, rogai por nós.
Santa Clara, abençoada na vossa enfermidade pelo Vigário de Cristo, rogai por nós.
Santa Clara, que seguis os passos do Cordeiro no Céu, rogai por nós.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.
Cristo, ouvi-nos. Cristo, ouvi-nos.
Cristo, atendei-nos. Cristo, atendei-nos.

Rogai por nós, santa Clara.
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

JESUS CRUCIFICADO

"O camponês perguntou: Que aconteceu,
irmão, por que estás chorando?
O Irmão respondeu:
Meu irmão,
o meu Senhor está na Cruz
e me perguntas por que choras?

Quisera ser neste momento
o maior oceano da terra,
para ter tudo isso de lágrimas.

Quisera que se abrissem
ao mesmo tempo todas
as comportas do mundo
e se soltassem
as cataratas
e os dilúvios
para me emprestarem
mais lágrimas.

Mas ainda que juntemos
todos os rios e mares,
não haverá lágrimas
suficientes para chorar
a dor e o amor
de meu Senhor crucificado.

Quisera ter as asas invencíveis
de uma águia para atravessar
as cordilheiras e gritar
sobre as cidades:

O Amor não é amado!
O Amor não é amado!

Como é que os homens podem amar
uns aos outros se não amam o Amor?"

(São Francisco de Assis.)

São Francisco e São Pedro!


Uma pequena história

São Pedro tirou férias e São Francisco o substituiu, para bem conhecer a alma humana. Após alguns dias, no entanto, notou-se que menos pessoas estavam entrando no céu.

Um anjo curioso foi ver se descobria porque e ficou a observar São Francisco.

O próximo da fila era um homem bem apessoado, de aparência até nobre. Qual não foi o espanto do anjo quando viu que, enquanto o homem se aproximava de São Francisco, pulou no colo do Santo um belo pastor alemão.

- Feroz, aí está o seu antigo senhor. O que me dizes? ? perguntou o Santo ao cão.

- São Francisco, ele me deixou preso a uma corrente minha vida inteira, fizesse sol ou chuva, e me chutava e me batia todo o tempo. Até que um dia não resisti e estou aqui!

Ao homem, São Francisco fechou as portas do céu.

Então, foi a vez de uma senhora de aparência bondosa. No colo do Santo, uma gata persa que disse:

- São Francisco, ela me mostrava aos amigos que chegavam e passeava comigo no shopping. Mas em casa, me esquecia num canto e viajava sem me deixar água ou comida suficiente. Quando adoeci, sem ao menos tentar me salvar, ela mandou me sacrificar e comprou outro pobre animal.

São Francisco também lhe fechou as portas do céu.

Chegou então uma jovem. Uma gatinha novinha logo pulou no colo do santo.

A jovem disse assustada:

- Mas nunca tive filhotes! Somente um gato macho que ainda vive!

A gatinha miou baixinho:

- Eu sou um dos filhotinhos que seu gato gerou na rua e que, abandonados, desnutridos, morreram doentes poucos dias depois de nascidos. Tudo porque você não queria castrá-lo nem deixá-lo em casa.

Essa jovem também não entrou no céu.

Finalmente, chegou a vez de um senhor idoso. Mas, quando ele chegou a São Francisco, nenhum animal apareceu. O Santo perguntou:

- Nunca tiveste um bicho de estimação?

O senhor respondeu:

- Não! Porque não quis animais de estimação.

Verificadas outras pendências, São Francisco abriu as portas do céu para o homem.

O anjo, surpreso, perguntou:

- Mas ele desgostava tanto dos bichos que nem os tinha!

São Francisco respondeu:

Não ter bichos não é pecado. Os homens que dizem gostar e os têm e os tratam mal, como se fossem bibelôs ou brinquedos, se esquecem que seus animais de estimação não são suas criaturas, mas criaturas de Deus aos homens confiadas para alegrar suas vidas. Esses sim, prestarão contas de como cuidaram dos animais sob sua responsabilidade.

A Centralidade de Cristo na Vida de São Francisco de Assis


Da vida e do modo de ser de São Francisco nasceu uma inspiração de vida, um caminho. A espiritualidade franciscana é fundamentalmente seguimento de Cristo, pobre, humilde e crucificado. E o seguimento torna-se um encantamento, que por sua vez leva à configuração com o Cristo.

1. A experiência do seguimento que São Francisco faz não segue uma ordem cronológica da vida de Cristo (nascimento, vida adulta, paixão e morte), mas é uma descoberta gradativa do único e mesmo mistério de Cristo, revelação do amor e da misericórdia de Deus para com a humanidade.

2. Assim, ao longo de sua vida, Francisco descobre e experimenta a pessoa e o mistério de Cristo nas suas três dimensões, inspirando nele três atitudes:
a pobreza da encarnação: o seguimento;
a humildade da eucaristia: o encantamento;
e a doação total da paixão e cruz: a configuração.

3. De outro modo, poderíamos dizer que a experiência cristológica de Francisco tem um começo (a encarnação), um meio (a eucaristia) e um fim (a cruz), não porém, numa ordem cronológica mas numa ordem espiritual.

4. Na experiência pessoal de Francisco, a cruz está no início (São Damião e o leproso) e no fim (as chagas e o Monte Alverne); no 'meio' está a encarnação (Greccio) e a eucaristia.

5. A ENCARNAÇÃO - São Francisco descobre a pobreza do Filho de Deus e de sua Mãe, como condição para se fazer um de nós:
"Quero evocar a lembrança do Menino que nasceu em Belém e todos os incômodos que sofreu desde a sua infância; quero vê-lo tal qual ele era, deitado numa manjedoura e dormindo sobre o feno, entre um boi e um burro" (1Cel, 84).
"Se o Filho de Deus desceu da grande altura que separa o seio do Pai de nossa abjeção, foi para nos ensinar a humildade, Ele, o Senhor e Mestre, pela palavra e pelo exemplo" (LM 6,1).

Quando São Francisco de Assis, em sua intuição original recriou no presépio de Greccio, a expressão poética do natal, desejava experimentar e reviver na própria carne, o mistério e o encantamento, o amor e a dor, a contradição da glória divina revelada na pobreza do Filho de Deus. Desde então, compor um presépio com figuras e materiais comuns e ordinários, tornou-se um ato de fé, vislumbrando a presença do Deus encarnado em tudo aquilo que constitui a vida. Para contemplar o presépio e nele descobrir a revelação divina no cotidiano humano, há uma condição: é preciso mudar o coração e o olhar, porque o mundo tornou-se presépio.

6. A EUCARISTIA - São Francisco experimenta o encantamento pela presença real de Cristo na eucaristia, como encarnação (presépio) repetida e permanente no meio de nós:
"Pasme o homem todo, estremeça a terra inteira, rejubile o céu em altas vozes quando sobre o altar, estiver nas mãos do sacerdote o Cristo, Filho de Deus vivo! Ó grandeza maravilhosa, ó admirável condescendência! Ó humildade sublime, ó humilde sublimidade! O Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilha a ponto de se esconder, para nosso bem, na modesta aparência do pão. Vede, irmãos, que humildade a de Deus! Derramai ante Ele os vosso corações! Humilhai-vos para que Ele vos exalte! Portanto, nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba quem totalmente se vos dá!" (C.tOrdem, 26-29).

Atitude eucarística = resposta de vida.

7. A CRUZ - As chagas de São Francisco não é ponto de 'chegada', o fim de sua vida, antes é sinal da configuração vivida ao longo de toda a sua vida. É o mesmo mistério de amor da encarnação e da eucaristia:

" Ó Senhor, meu Jesus Cristo, duas graças eu te peço que me faças antes de eu morrer: a primeira é que, em vida, eu sinta na alma e no corpo, tanto quanto possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua dolorosa Paixão. A segundo, é que eu sinta, no meu coração, tanto quanto possível, aquele excessivo amor, do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado, para voluntariamente suportar uma tal paixão por nós pecadores" (3ª Cons.Estigmas).

"Francisco já tinha morrido para o mundo, mas Cristo estava vivo nele. As delícias do mundo eram uma cruz para ele, porque levava a cruz enraizada em seu coração. Por isso fulgiam exteriormente em sua carne os estigmas, cuja raiz tinha penetrado profundamente em seu coração" (2Cel 211).

>> O primeiro significado das chagas: significam que Deus é Senhor de sua vida. Deus encontrou nele a plena abertura e a máxima liberdade para sua presença.
>> O segundo significado das chagas é o de que Deus não é alienação para o ser humano, ao contrário, é sua plena realização e salvação.
>> O terceiro significado: as chagas expressam que a vivência concreta do amor deixa marcas. A exemplo de Cristo, Francisco quis suportar/carregar e amar os irmãos para além do bem e do mal (amor incondicional). As chagas não vêm de fora, nascem dentro da vida (corpo e alma).
>> O quarto significado: seguir o Cristo implica em morrer um pouco a cada dia: "Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz a cada dia e me siga" (Lc 9,23).

8. A EXPERIÊNCIA DO 'PEREGRINO PASCAL'

Foi depois de um longo caminho de purificação interior, de renúncia, de integração, que Francisco tornou-se um homem reconciliado. É romantismo e ilusão imitar São Francisco sem, no entanto, abraçar a renúncia, a pobreza, a cruz. É pura fantasia começar onde ele terminou. A vida toda de Francisco foi um reconciliar-se contínuo com todas as dimensões da existência: a interior (consigo mesmo), a superior (com Deus), e a exterior (com a natureza).

a) A reconciliação consigo mesmo

Num determinado momento de sua juventude, Francisco converteu-se. Houve uma "virada" no seu modo de ser, de comportar-se, de relacionar-se. Aconteceu uma ruptura e iniciou um pesado processo de purificação interior: vigílias, jejuns, penitências, privações, e o encontro com o leproso. Ele abraça e ama alegremente o próprio negativo, vencendo o diabólico em si mesmo. Enfrenta o mal na sua fonte, o próprio coração, integrando-o em vez de negá-lo.

b) A reconciliação com Deus

Francisco fez uma profunda experiência de Deus (cf. a oração Louvores a Deus). Descobriu que a misericórdia de Deus é infinitamente maior que todos os nossos pecados, porque seu amor é maior que o nosso coração (Lc 6,35). Deus não se deixa vencer por nossos pecados. Por isso, quando o pecado é assumido na humildade e simplicidade, torna-se caminho de encontro com Deus.

c) A reconciliação com a natureza

Deste mergulho no mistério de Deus, Francisco descobriu a fonte de tudo e sentiu ligado à todas as coisas e pessoas, porque elas não estão jogadas aí, alcance da mão do homem. Ele não se coloca sobre as coisas, mas junto delas, como irmão na mesma casa.

Colocando-se no mesmo nível das criaturas, Francisco não se define pela diferença com elas, mas pelo que tem em comum. Desse modo de ser é que nasce a sua pobreza. Ele deixa as coisas serem, renuncia a dominá-las e submetê-las, ou usá-las como objetos de posse e poder. Pobre, se sentia livre e fraterno para comungar com todas as coisas, porque não tinha mais o que perder.

d) A reconciliação com os outros - a perfeita alegria

Francisco não espera pela mudança dos outros. Começa por si mesmo, inspirando-se no amor de Deus que suporta e ama para além do bem e do mal (Mt 5,45 e Lc 6,35). Acolher as sombras dos outros é para ele, manter os laços da fraternidade apesar do negativo. Não apenas suporta, mas ama e acolhe alegremente o negativo. Só deste modo o homem torna-se verdadeiramente livre, pois nada mais poderá ameaçá-lo (o testemunho de Freud).

São Boaventura afirmou que "Francisco parecia ter voltado ao primitivo estado de inocência original, nasceu em seu coração o paraíso terrestre". Por esse modo-de-ser, franciscano, o homem pode viver e celebrar o mundo como um paraíso, quando ele mesmo se transfigurou e se reconciliou com todas as dimensões de sua história e de sua existência.

Frei Régis Daher.